Bentley Systems detalhou, em Amsterdã, os próximos passos de sua estratégia de inteligência artificial aplicada à infraestrutura durante a conferência Year in Infrastructure 2025, realizada nesta semana. Executivos da empresa mostraram como novas soluções de digital twins, colaboração aberta e automação pretendem reduzir custos, acelerar prazos e tornar projetos mais sustentáveis.
Escassez de engenheiros e ganho de produtividade
O diretor-presidente Nicholas Cumins alertou para o “vácuo de capacidade” na engenharia global. “Não há engenheiros suficientes para atender à demanda”, afirmou. Segundo ele, projetos que adotaram transformação digital já registram:
- 20% menos tempo de concepção;
- 20% de queda nos custos de construção;
- redução de até 80% no cronograma em casos que utilizam IA.
Cumins lançou a Infrastructure AI Co-Innovation Initiative, que convida empresas de engenharia e proprietários de ativos a desenvolver fluxos de trabalho de IA específicos para o setor. A premissa, disse, é garantir “IA confiável, ancorada no contexto da engenharia”.
Plataforma aberta e controle de dados
Patrick Cozzi, chief platform officer, descreveu a aposta numa plataforma baseada em Cesium, com APIs abertas que permitem projetar no contexto real. Entre os recursos demonstrados estavam:
- modelos fotogramétricos ultrarrealistas gerados por Gaussian splats;
- detectores de IA que reconhecem ativos ou falhas em nuvens de pontos;
- política de “seus dados continuam sendo seus”, com controle de acesso pelo usuário.
Conexão ao longo do ciclo de vida
O CTO Julien Moutte apresentou o Bentley Infrastructure Cloud Connect, que unifica informações de projeto, construção e operação. A plataforma integra os ambientes ProjectWise e AssetWise em uma interface geoespacial, permitindo:
- visualizar portfólios globais e detalhar um ativo em um clique;
- pesquisas de documentos com linguagem natural apoiadas por IA;
- manter um “único ponto de verdade” do início ao fim do ativo.
Aplicações de projeto e construção
François Valois, vice-presidente de Open Applications, mostrou o OpenSite Plus, que inclui um co-piloto de IA capaz de calcular volumes de drenagem e alterar projetos via comandos em linguagem natural. Ele também introduziu o Substation Plus, voltado a redes de utilidades com colaboração em tempo real.
Imagem: logisticsviewpoints.com
Na construção, Marion Bouillin revelou o Synchro Plus. A nova versão da ferramenta 4D segue três princípios: arquitetura centrada em dados, interface amigável para equipes de campo e automação por IA com supervisão humana. Em demonstração, o sistema gerou sequências de obra ao associar elementos de projeto a atividades e permitiu explorar o canteiro em ambiente imersivo.
Contexto, abertura e sustentabilidade
Todos os painéis convergiram na ideia de criar uma camada inteligente e conectada para a infraestrutura, onde informações fluem sem barreiras e decisões são rastreáveis. Segundo os executivos, digital twins permitem avaliar impacto ambiental em tempo real, reduzindo retrabalho e consumo de materiais.
Com informações de Logistics Viewpoints