O avanço de aplicações de Inteligência Artificial (IA) e computação em nuvem elevou a demanda por energia de data centers nos Estados Unidos a patamares que desafiam o planejamento tradicional das concessionárias. Instalações hiperescalas, que requerem entre 100 MW e 500 MW — equivalente ao consumo de uma cidade de médio porte —, querem acesso imediato à rede, enquanto a expansão de linhas de transmissão e subestações costuma levar de cinco a dez anos.
Três caminhos para garantir energia
- Contratos de compra de energia (PPAs) de longo prazo: Amazon, Microsoft e Google lideram a aquisição corporativa de energia limpa, viabilizando centenas de parques solares e eólicos.
- Geração própria no local: desenvolvedores instalam turbinas a gás natural, células a combustível e fontes renováveis em microgrids independentes das concessionárias.
- Conexão direta a usinas: campi de data centers são erguidos ao lado de plantas existentes. Microsoft, Google, Meta e Amazon Web Services já assinaram PPAs com usinas nucleares, incluindo o acordo de 20 anos para reativar o reator de Three Mile Island, na Pensilvânia.
Exemplo em Memphis
O projeto Colossus, da xAI, em Memphis (Tennessee), ilustra a pressa do setor. Para suprir 150 MW na fase inicial, a empresa instalou até 35 turbinas móveis a gás, ação que gerou contestações judiciais de grupos ambientais. Em novembro de 2024, o conselho da Tennessee Valley Authority (TVA) aprovou o fornecimento total de 150 MW, com nova subestação bancada pela desenvolvedora. A ligação definitiva ao grid MLGW/TVA ocorreu em maio de 2025.
Novos polos de data centers
Anúncios recentes concentram-se em:
- Northern Virginia (condados de Loudoun e Prince William)
- Phoenix, Arizona (condado de Maricopa)
- Dallas–Fort Worth, Texas
- Atl anta, Geórgia (corredor I-85)
- Salt Lake City, Utah
Impacto nas concessionárias
Com a procura crescente, pequenos distribuidores sem geração própria competem com data centers na compra de energia de Produtores Independentes (IPPs), pressionando tarifas. Aproximadamente 40 % do consumo dessas instalações destina-se ao sistema de climatização; soluções como baterias térmicas e BESS de grande escala começam a deslocar parte dessa carga dos horários de pico e a oferecer serviços de rede.
Corrida de investimentos em IA
Os principais desenvolvedores de modelos — OpenAI/Microsoft, Google DeepMind, Meta, Anthropic, xAI e DeepSeek AI — impulsionam gastos em infraestrutura. Estimativas indicam desembolsos de US$ 400 bilhões em 2025, US$ 550 bilhões em 2026 e mais de US$ 1,5 trilhão em 2030, com a conta de eletricidade apontada como o custo operacional que mais cresce.
Imagem: logisticsviewpoints.com
Embora analistas vejam sinais de possível superaquecimento semelhante ao da bolha pontocom, a expectativa é de consolidação do setor, não de interrupção dos investimentos, dada a relevância estratégica das aplicações de IA.
As concessionárias continuam a considerar os data centers clientes valiosos pelo consumo constante e previsível, que gera receitas capazes de diluir custos fixos de rede.
Com informações de Logistics Viewpoints