Flex, Jabil e Foxconn deixaram de ser apenas fabricantes terceirizadas para assumir o comando de cadeias de suprimentos inteiras. A mudança, acelerada por crises de abastecimento, novos regulamentos ambientais e realinhamentos comerciais, foi detalhada em 7 de outubro de 2025.
De produtores a condutores
Antes conhecidas por produzir discretamente telefones, servidores e placas de circuito, as três companhias agora:
- Administram redes globais de fornecedores, transportadoras e centros de distribuição;
- Operam gêmeos digitais que simulam estoques, rotas e capacidade produtiva em tempo real;
- Oferecem recomendações a grandes fabricantes (OEMs) sobre como reagir a interrupções e mudanças de mercado.
Flex: visibilidade como serviço
No sistema Flex Pulse, dezenas de telas exibem dados de milhares de fornecedores e centenas de fábricas. A plataforma detecta atrasos em portos, disponibilidade de mão de obra e riscos operacionais, permitindo redirecionar componentes antes que o cliente perceba o problema.
O braço Circular Economy Solutions também monitora produtos após a saída da fábrica, gerenciando reparo, recondicionamento e reciclagem para clientes como HP e Cisco.
Jabil: gêmeos digitais preditivos
A Intelligent Digital Supply Chain da Jabil virtualiza toda a rede de cada cliente. Algoritmos testam milhares de cenários diariamente — de atrasos na Tailândia a aumentos repentinos no frete aéreo — e ajustam planos de produção e transporte automaticamente.
Com essa postura preditiva, a companhia atua como coestrategista dos OEMs, integrando dados de eletrônicos de consumo, saúde e automotivo para antecipar novas rupturas.
Foxconn: sincronia em larga escala
Enquanto Flex e Jabil fortalecem estruturas digitais, a Foxconn distribui a produção por Ásia, Europa e Américas. A plataforma SCM 2.0, desenvolvida com NVIDIA e AWS, conecta fornecedores, fábricas e transportadoras em um único modelo com inteligência artificial.

Imagem: logisticsviewpoints.com
A entrada no mercado de veículos elétricos exigiu coordenação de metais, baterias e semicondutores, ampliando o escopo logístico monitorado pela empresa.
Tecnologia vira infraestrutura
Os gêmeos digitais nos três grupos criam um fluxo contínuo entre planejamento e execução. Cada local, fornecedor ou transportadora passa a ser um “sensor” que alimenta o modelo, disparando ações como replanejamento de produção, remanejamento de pedidos e alteração de rotas.
Novos desafios
- Governança de dados: definição de quem controla as informações compartilhadas nos sistemas;
- Cibersegurança: proteção de redes expandidas que cruzam várias legislações;
- Dependência estratégica: OEMs que delegam orquestração podem ter dificuldade para trocar de parceiro.
Essa evolução desloca a inteligência do centro para as pontas da rede. Ao integrar fabricação, logística e análise de dados, Flex, Jabil e Foxconn redefinem o papel do fornecedor terceirizado e consolidam-se como centros de comando de cadeias globais.
Com informações de Logistics Viewpoints